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Os 5 padrões de relatórios de sustentabilidade mais utilizados


Está mais do que evidente a importância das práticas de sustentabilidade corporativa para que as organizações possam gerenciar os riscos e oportunidades dos seus negócios a longo prazo relacionados a aspectos ambientais, sociais e de governança.


Mas como demonstrar para seus stakeholders (partes interessadas) o que está sendo feito nesse sentido? É aí que entram os relatórios de sustentabilidade, um documento que visa dar transparência e visibilidade para as ações realizadas pelas organizações e auxiliar na tomada de decisões.


Porém, existem diversos padrões de relatórios de sustentabilidade disponíveis, dificultando a comparação entre as empresas e o entendimento sobre qual é o mais indicado em cada situação. Para te ajudar com isso, trouxemos aqui os 5 padrões mais utilizados atualmente!



A RELAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE COM AS PRÁTICAS ESG


Para começar, precisamos entender qual a relação entre sustentabilidade e práticas ESG (Environmental, Social and Governance).


As práticas ESG são nada mais do que práticas de sustentabilidade adaptadas ao contexto corporativo. Com a crescente necessidade de as empresas integrarem práticas alinhadas com a sustentabilidade em seus negócios, visando entregar benefícios para a sociedade e o planeta, além dos lucros para sócios e acionistas, surgiu o conceito de ESG.


A sigla ESG, que significa Environmental, Social e Governance, ou simplesmente Ambiental, Social e Governança quando traduzido para o português, permitiu que o conceito mais amplo de sustentabilidade fosse levado para dentro das organizações.


Isso foi um grande avanço, já que o setor corporativo é considerado um dos principais responsáveis pelos problemas atuais relacionados à nossa sustentabilidade. Assim, através das práticas ESG, as organizações podem se transformar em um catalisador das mudanças necessárias para um presente e, principalmente, um futuro mais sustentável para as pessoas e o planeta.



PARA QUE SERVEM OS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE


É fundamental que as organizações divulguem o que estão fazendo em relação à sustentabilidade, para dar transparência e visibilidade às suas ações, objetivos e metas de longo prazo a serem cumpridas.


Os relatórios de sustentabilidade corporativa, também conhecidos como relatórios ESG ou de informações não-financeiras, cumprem esse papel ao divulgarem para os stakeholders essas informações, sendo importantes para investidores e outros participantes do mercado de capitais compararem o desempenho em sustentabilidade de diferentes organizações no processo de tomada de decisão para alocação de capital.


Os stakeholders podem usar essas informações para avaliar como uma organização integra a sustentabilidade em sua estratégia para identificar riscos e oportunidades e avaliar seu sucesso a longo prazo, auxiliando no benchmarking (avaliação comparativa), na formulação de políticas e em pesquisas acadêmicas.


No centro dessa discussão está a crença de que a inter-relação de fatores ambientais, sociais e econômicos é cada vez mais importante para a criação de valor empresarial de longo prazo e, portanto, investidores e stakeholders agora esperam que as empresas relatem questões, riscos e oportunidades não financeiras com a mesma disciplina e rigor utilizado com as informações financeiras.



A NECESSIDADE DE PADRONIZAÇÃO


A existência de múltiplas estruturas de relatórios ESG e a falta de consistência e comparabilidade de métricas já foram sinalizadas pelas empresas como pontos problemáticos que as impedem de demonstrar com credibilidade a todos os stakeholders seu progresso em questões relacionadas à sustentabilidade e suas contribuições para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela Agenda 2030 das Nações Unidas (ONU).


Por isso, é importante tomar cuidado ao avaliar a performance de diferentes empresas em questões ESG utilizando padrões de relatórios distintos usados na divulgação das informações, já que os diferentes padrões disponíveis podem utilizar métricas diferentes para avaliar as questões materiais referentes aos fatores ESG, dificultando a comparação entre elas.


Uma das funções dos mercados financeiros é precificar o risco para apoiar decisões informadas e eficientes de alocação de capital, necessitando de divulgação precisa e oportuna das empresas. Sem as informações corretas, investidores e outros participantes dos mercados de capitais podem precificar ou avaliar ativos incorretamente, levando a uma má alocação de capital.


Diante desses desafios, as principais organizações internacionais responsáveis pela padronização de relatórios financeiros e não-financeiros estão se unindo em um esforço coletivo pela padronização de métricas e divulgação de informações sobre o desempenho de práticas de sustentabilidade nas empresas.


Este é um momento importante para avançarmos em direção a um sistema coerente e abrangente de relatórios de sustentabilidade corporativa globalmente aceito, para ajudar a alinhar os interesses de empresas, dos mercados financeiros e da sociedade em geral.



OS 5 PADRÕES DE RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE MAIS UTILIZADOS


Por isso, é importante conhecer os padrões de relatórios de sustentabilidade existentes para saber identificar as diferenças entre eles e qual o mais indicado para cada caso.


Para te ajudar com isso, trouxemos aqui os 5 padrões de relatórios de sustentabilidade mais utilizados e globalmente aceitos atualmente.



GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI)


A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização internacional independente, que fornece os padrões mais utilizados do mundo para relatórios de sustentabilidade.


Seus padrões focam em uma divulgação ampla das informações relacionadas às práticas ESG nas organizações para múltiplos stakeholders, buscando trazer transparência e uma compreensão abrangente dos impactos no meio ambiente, na sociedade e na economia.


Os padrões GRI permitem que qualquer organização, grande ou pequena, privada ou pública, de qualquer setor ou localização, entenda e relate os impactos ambientais, sociais e econômicos de suas atividades de forma estruturada, comparável e confiável, trazendo transparência para os stakeholders sobre as suas contribuições, positivas ou negativas, para o desenvolvimento sustentável.


Além das empresas, os padrões de relatório de sustentabilidade da GRI são relevantes também para outras partes interessadas como investidores, formuladores de políticas, mercados de capitais e a sociedade civil.


Eles são organizados através de um conjunto modular de padrões interconectados com o intuito de oferecer facilidade no seu uso, apresentando um retrato abrangente dos tópicos materiais da organização, seus impactos relacionados e como eles são gerenciados.


O conjunto de padrões está estruturado em três séries que ajudam na determinação de quais tópicos são materiais (relevantes) para as organizações e apoiam o processo de elaboração dos relatórios, são eles:


  • GRI Universal Standards - padrões universais que se aplicam a todas as organizações;

  • GRI Sector Standards - padrões setoriais aplicáveis ​​a setores específicos;

  • GRI Topic Standards - padrões dedicados a tópicos específicos, listando divulgações relevantes para cada tópico.


Como o principal definidor de padrões globais para relatórios de sustentabilidade que abordam o impacto de uma organização no meio ambiente, na sociedade e na economia para um público de múltiplos stakeholders, os Padrões da GRI são amplamente adotados por empresas em todo o mundo, com muitas jurisdições recorrendo aos seus padrões para desenvolver seus próprios requisitos de relatórios de sustentabilidade para múltiplos stakeholders.



VALUE REPORTING FOUNDATION (VRF)


A Value Reporting Foundation (VRF) é uma organização global sem fins lucrativos, formada em junho de 2021 pela fusão do International Integrated Reporting Council (IIRC) e do Sustainability Accounting Standards Board (SASB), oferecendo um conjunto abrangente de recursos para auxiliar empresas e investidores a desenvolverem uma compreensão compartilhada da criação, preservação ou erosão do valor empresarial.


Os recursos da VRF incluem:


  • Integrated Thinking Principles (Princípios do Pensamento Integrado) - orientam o planejamento e a tomada de decisões do conselho e da administração das empresas;

  • Integrated Reporting Framework (Estrutura de Relatório Integrado) - fornece orientação multicapital baseada em princípios para relatórios corporativos abrangentes;

  • Padrões SASB - ferramenta para a divulgação e orientação na tomada de decisões de investidores quando incorporadas em ferramentas e processos de investimento.


Os Princípios do Pensamento Integrado contribuem para uma melhor compreensão sobre como o valor é criado, aprimorando a tomada de decisões e as ações dos conselhos e da administração das organizações através do pensamento holístico sobre os recursos e relacionamentos que a organização usa ou afeta, e as dependências e compensações entre eles à medida que o valor é criado.


Eles fornecem uma abordagem estruturada para adotar o pensamento integrado, sendo projetados para serem incorporados ao modelo de negócios de uma organização e aplicados nas principais atividades supervisionadas pelo Conselho e gerenciadas pelas equipes de gerenciamento. Eles estão interligados e são implementados em três níveis:


  1. Perguntas ao Conselho e ao CEO sobre a amplitude de adoção de cada Princípio na organização;

  2. Oportunidade de testar quão profundamente os Princípios foram incorporados na organização;

  3. Ferramentas de gestão, práticas e processos para botar o pensamento integrado em prática.


O Integrated Reporting Framework é um framework multicapital baseado em princípios usado para acelerar a adoção de relatórios integrados, que reúnem informações relevantes sobre a estratégia, governança, desempenho e perspectivas de uma organização com o intuito de refletir o contexto comercial, social e ambiental no qual ela opera.


Ele fornece uma representação clara e concisa de como a organização cria valor no presente e no futuro, demonstrando o pensamento integrado da organização, informado por métricas abrangentes e tópicos de divulgação baseados nos Padrões SASB.


Os Padrões SASB fornecem tópicos e métricas de divulgação específicas de cada setor para informar o que deve ser incluído no relatório integrado, fornecendo informações sobre o subconjunto de questões de sustentabilidade que estão mais intimamente ligadas à capacidade de uma organização criar valor de longo prazo para os investidores.


Eles abordam riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que podem afetar a condição financeira de uma organização (balanço patrimonial), o desempenho operacional (demonstração de resultados) ou o perfil de risco (avaliação de mercado e custo de capital).


Abrangendo 77 setores, os Padrões SASB fornecem dados comparáveis ​​e confiáveis procurados pelos investidores, identificando o subconjunto de questões ESG mais relevantes para o desempenho financeiro de cada setor, podendo ser utilizados ​​para fortalecer o relatório integrado usando o Integrated Reporting Framework.


O Integrated Reporting Framework cria conectividade entre o pensamento e os relatórios de capital financeiro, manufaturado, humano, social, intelectual e natural, enquanto, os Padrões SASB adicionam comparabilidade aos dados de sustentabilidade entre empresas do mesmo setor.


Combinadas, essas ferramentas fornecem a infraestrutura de mercado necessária para avaliar, desenvolver, gerenciar e comunicar a estratégia para criar valor a longo prazo e impulsionar o aprimoramento do desempenho.


A VRF permite que as organizações utilizem os Princípios de Pensamento Integrado, a Estrutura de Relatório Integrado e os Padrões SASB da melhor forma, separadamente ou em conjunto, possuindo uma estrutura de governança robusta e um devido processo para manter esses recursos-chave usando informações do mercado e pesquisas baseadas em evidências.


Assim, os relatórios da VRF atendem às exigências dos mercados de capitais por dados baseados em evidências, informados pelo mercado e transparentes para fornecer valor de longo prazo aos acionistas, enquanto ajudam a garantir o futuro das pessoas e do planeta.



TASK FORCE ON CLIMATE-RELATED FINANCIAL DISCLOSURES (TCFD)


O Financial Stability Board (FSB) criou em dezembro de 2015 a Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) para desenvolver recomendações sobre os tipos de informações financeiras que as empresas devem divulgar para apoiar investidores, credores e subscritores de seguros na avaliação e precificação adequada dos riscos materiais relacionados às mudanças climáticas e ajudar na tomada de decisão e alocação eficiente de capital em direção a uma economia de baixo carbono.


A TCFD, ou Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima em português, possui 31 membros globais, selecionados pelo FSB, oriundos de diversas organizações, incluindo provedores de capital, seguradoras, grandes empresas não financeiras, empresas de contabilidade e consultoria e agências de classificação de crédito.


A Força-Tarefa se baseia na experiência dos membros, no envolvimento dos stakeholders e nos regimes de divulgação relacionados ao clima existentes para desenvolver uma estrutura acessível para divulgação financeira relacionada à aspectos climáticos.


Ela desenvolveu quatro recomendações amplamente adotáveis ​​sobre divulgações financeiras relacionadas ao clima que são aplicáveis ​​a organizações em todos os setores e jurisdições, que são:


  • Ser adotável por todas as organizações;

  • Incluído em registros financeiros;

  • Projetado para solicitar informações úteis para decisões futuras sobre impactos financeiros;

  • Forte foco em riscos e oportunidades relacionados à transição para economia de baixo carbono.


As quatro recomendações são apoiadas por divulgações específicas que as organizações devem incluir em registros financeiros ou outros relatórios para fornecer informações úteis para investidores e outros stakeholders.


As recomendações de divulgação da TCFD estão estruturadas em torno de quatro áreas temáticas que representam elementos centrais de como as organizações operam, são elas:


  • Governança - a governança da organização em torno dos riscos e oportunidades relacionados ao clima;

  • Estratégia - os impactos reais e potenciais dos riscos e oportunidades relacionados ao clima nos negócios, estratégia e planejamento financeiro da organização;

  • Gerenciamento de Riscos - os processos usados ​​pela organização para identificar, avaliar e gerenciar os riscos relacionados ao clima;

  • Métricas e Metas - as métricas e metas usadas para avaliar e gerenciar riscos e oportunidades relevantes relacionados ao clima.


As quatro áreas temáticas são inter-relacionadas e apoiadas por 11 divulgações recomendadas que constroem a estrutura com informações que ajudam os investidores e outros stakeholders a entenderem como as organizações pensam e avaliam os riscos e oportunidades relacionados ao clima.


A divulgação de acordo com as recomendações de Estratégia e Métricas e Metas em registros financeiros está sujeita a uma avaliação de materialidade, embora todas as organizações sejam incentivadas a divulgar publicamente, se possível.


Além disso, há também orientações para apoiar todas as organizações no desenvolvimento de divulgações financeiras relacionadas ao clima para auxiliar as organizações fornecendo contexto e sugestões para a implementação das divulgações recomendadas.


Para o setor financeiro e certos setores não financeiros, foram desenvolvidas orientações suplementares para destacar importantes considerações específicas do setor e fornecer uma visão mais completa dos potenciais impactos financeiros relacionados ao clima nesses setores.


É importante ressaltar que as recomendações da TCFD são destinadas a fornecer informações para organizações do setor financeiro, incluindo bancos, seguradoras, gestores de ativos e proprietários de ativos.


Grandes proprietários e gestores de ativos estão no topo da cadeia de investimentos e, portanto, têm um papel importante a desempenhar para influenciar as organizações nas quais investem para fornecer melhores divulgações financeiras relacionadas ao clima.



CARBON DISCLOSURE PROJECT (CDP)


O Carbon Disclosure Project (CDP) é uma organização internacional sem fins lucrativos fundada em 2000, que administra o sistema global de divulgação ambiental para investidores, empresas, cidades, estados e regiões divulgarem e gerenciarem seus impactos ambientais.


Ele é considerado pela economia mundial como o padrão-ouro de relatórios ambientais, com o conjunto de dados mais rico e abrangente do mundo sobre ações de empresas e municípios relacionadas ao meio ambiente.


O CDP apoia milhares de empresas, cidades, estados e regiões para medirem e gerenciarem seus riscos e oportunidades em mudanças climáticas, segurança hídrica e florestas, a pedido de investidores, compradores e stakeholders das cidades. As informações são coletadas através de questionários com perguntas sobre essas questões.


Para catalisar ações coletivas em direção aos objetivos de combate às mudanças climáticas, escassez de água e desmatamento, o CDP apoia diversas iniciativas, formando alianças em todo o mundo com agências intergovernamentais, governos, associações empresariais e regionais, ONGs e organizações financeiras.


As informações coletadas através dos questionários em seu processo de relatório anual são utilizadas para pontuar empresas e cidades com base em sua jornada pela divulgação e rumo à liderança ambiental. Por meio de uma metodologia de pontuação independente, é medido o progresso das empresas e das cidades e incentivadas ações sobre mudanças climáticas, segurança hídrica e florestas.


A pontuação dos questionários é conduzida por parceiros de pontuação credenciados e treinados pelo CDP, enquanto, a equipe de pontuação interna do CDP coordena e reúne todas as pontuações e executa verificações de qualidade dos dados para garantir que os padrões de pontuação estejam alinhados entre amostras e parceiros de pontuação.


A plataforma de divulgação do CDP também fornece o mecanismo de comunicação de acordo com as recomendações e pilares do TCFD, oferecendo aos investidores e divulgadores uma plataforma onde a estrutura do TCFD pode ser colocada em prática de forma comparável, consistente e acessível para a economia global.


Os insights que o CDP oferece capacitam investidores, empresas, cidades e governos nacionais e regionais a fazerem as escolhas certas para construir uma economia próspera que funcione para as pessoas e o planeta a longo prazo.



STAKEHOLDER CAPITALISM METRICS (SCM)


O projeto Stakeholder Capitalism Metrics (SCM) foi lançado em setembro de 2020 pelo International Business Council (IBC) do Fórum Econômico Mundial (WEF) em colaboração com as quatro maiores empresas de contabilidade do mundo, Deloitte, Ernst & Young (EY), KPMG e PwC, por meio da publicação intitulada “Measuring Stakeholder Capitalism: Towards Common Metrics and Consistent Reporting of Sustainable Value Creation”.


Seu objetivo é melhorar a forma como as empresas medem e demonstram as suas contribuições para a criação de sociedades mais prósperas e realizadas e uma relação mais sustentável com o nosso planeta, reconhecendo também que as empresas que se responsabilizam por seus stakeholders e aumentam a transparência serão mais viáveis e valiosas no longo prazo.


O projeto define um conjunto central de métricas baseadas no Stakeholder Capitalism Metrics e divulgações que podem ser usadas pelas empresas para alinhar seus relatórios de desempenho em relação aos indicadores ambientais, sociais e de governança (ESG) e acompanhar suas contribuições para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em uma base consistente.


As métricas são baseadas em padrões existentes, sempre que possível, alinhadas com os objetivos de curto prazo de acelerar a convergência entre os principais definidores de padrões e trazer maior comparabilidade e consistência aos relatórios de divulgações ESG.


Essas métricas e divulgações recomendadas foram desenvolvidas por uma força-tarefa de especialistas dedicados ao projeto pelas quatro maiores empresas de contabilidade do mundo, bem como, por membros do Bank of America e do Fórum Econômico Mundial, que coordenaram o processo e sintetizaram seus resultados.


Então, o resultado final desse processo foi o estabelecimento de 21 métricas e divulgações principais e 34 expandidas, que o projeto recomenda para adoção das empresas:


  • Métricas principais - conjunto de 21 métricas e divulgações mais estabelecidas ou criticamente importantes, principalmente quantitativas, onde as informações já estão sendo relatadas por muitas empresas, embora muitas vezes em formatos diferentes, ou podem ser obtidas com esforço razoável, concentradas principalmente em atividades dentro dos próprios limites da organização.


  • Métricas expandidas - conjunto de 34 métricas e divulgações que tendem a ser menos estabelecidas nas práticas e padrões existentes e têm um escopo mais amplo da cadeia de valor ou transmitem impacto de maneira mais sofisticada ou tangível, como em termos monetários, representando uma forma mais avançada de medir e comunicar a criação de valor sustentável.


As métricas foram selecionadas por sua universalidade em todos os setores e modelos de negócios, mas a intenção não é substituir indicadores relevantes específicos dos setores e das empresas, que são incentivadas a relatar o maior número de métricas principais e expandidas que acharem relevantes e apropriadas, com base em uma abordagem de “divulgar ou explicar”.


Ao relatar essas métricas recomendadas em seu relatório e integrá-las à governança, estratégia de negócios e gerenciamento de desempenho, as empresas demonstram a seus acionistas e stakeholders que ponderam diligentemente todos os riscos e oportunidades pertinentes na condução de seus negócios.


As métricas recomendadas estão organizadas em quatro pilares alinhados aos ODS e aos principais domínios ESG, que são:


  • Princípios de Governança;

  • Planeta;

  • Pessoas;

  • Prosperidade.


O projeto considera que as corporações que alinham seus objetivos aos objetivos de longo prazo da sociedade, conforme articulados nos ODS, são as mais propensas a criar valor sustentável de longo prazo, enquanto geram resultados positivos para os negócios, a economia, a sociedade e o planeta.



O ISSB E OS ESFORÇOS PELA PADRONIZAÇÃO DE RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE


O International Sustainability Standards Board (ISSB) foi criado em novembro de 2021 na COP26 pela International Financial Reporting Standards (IFRS) Foundation, uma organização de interesse público sem fins lucrativos fundada inicialmente para desenvolver um conjunto único de padrões de divulgação contábil de alta qualidade e globalmente aceitos.


O ISSB foi criado para desempenhar o papel de um conselho de definição de padrões de divulgação para atender as demandas de investidores e outros participantes do mercado de capitais por relatórios de alta qualidade, transparentes, confiáveis ​​e comparáveis ​​das empresas sobre as questões climáticas e outros assuntos ambientais, sociais e de governança (ESG).


A intenção é que o ISSB desenvolva padrões que resultem em uma linha de base global abrangente e de alta qualidade de divulgação relacionada à sustentabilidade, que forneça aos investidores e outros participantes dos mercados financeiros informações sobre os riscos e oportunidades relacionados à tópicos importantes de sustentabilidade das empresas, como aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG), sobre os quais eles necessitam de informações para a tomada de decisões.


As informações necessárias aos investidores sobre os efeitos da sustentabilidade vão além das informações contidas nas demonstrações financeiras, por isso devem incluir questões de sustentabilidade prospectivas que são razoavelmente possíveis de afetar a criação, preservação ou erosão do valor das empresas no curto, médio e longo prazo, e que, portanto, devem impactar nas decisões de investimento dos investidores.


O ISSB se baseará no trabalho de iniciativas de relatórios existentes com foco no investidor como o Climate Disclosure Standards Board (CDSB), a Task Force for Climate-related Financial Disclosures (TCFD), a Value Reporting Foundation (VRF), que inclui o Integrated Reporting Framework e os padrões SASB, e o Stakeholder Capitalism Metrics (SCM) do Fórum Econômico Mundial (WEF), para se tornar o definidor global de padrões para divulgações de informações relacionadas à sustentabilidade corporativa para os mercados financeiros.


O trabalho inicialmente realizado por esse grupo de instituições inclui a consolidação e aprimoramento dos principais aspectos para o desenvolvimento de dois protótipos unificados de padrões de relatório que fornecem recomendações para consideração do ISSB sobre possíveis requisitos relacionados ao clima e de divulgação geral.


O início será com o clima, devido à necessidade urgente de informações sobre assuntos relacionados às questões climáticas, mas há também a intenção que o ISSB desenvolva requisitos temáticos e baseados em setores.


Durante a criação do ISSB, em novembro de 2021, foi anunciada que a Fundação IFRS estabeleceu compromissos com o CDSB, até então hospedado pelo Carbon Disclosure Project (CDP), e a VRF para consolidar seus conhecimentos técnicos, conteúdo, equipe e outros recursos com a Fundação IFRS, enquanto, a TCFD e o Fórum Econômico Mundial (WEF) manifestaram total apoio à formação do ISSB.


O ISSB também trabalhará em estreita cooperação com o International Accounting Standards Board (IASB), responsável pelos Padrões Contábeis IFRS, as normas de contabilidade mais utilizadas e aceitas do mundo, garantindo conectividade e compatibilidade entre os Padrões Contábeis IFRS e os padrões do ISSB (Padrões de Divulgação de Sustentabilidade do IFRS).


Cada conselho será independente e seus padrões se complementarão para fornecer aos investidores e outros participantes do mercado de capitais informações abrangentes para atender às suas necessidades.


A Fundação IFRS também pretende usar o conselho do International Integrated Reporting Council (IIRC) para fornecer aconselhamento sobre o estabelecimento de conectividade entre o trabalho do IASB e do ISSB através dos conceitos fundamentais e princípios orientadores do relato integrado.


Além disso, a Fundação IFRS e a Global Reporting Initiative (GRI) anunciaram em março de 2022 um acordo de colaboração sob o qual seus respectivos conselhos normativos, o ISSB e o Global Sustainability Standards Board (GSSB), irão buscar coordenar seus programas de trabalho e atividades de definição de padrões.


A Fundação IFRS e a GRI, líder mundial em definição de padrões para relatórios de sustentabilidade focados em múltiplos stakeholders, anunciaram ainda que juntarão seus órgãos consultivos relacionados às atividades de relatórios de sustentabilidade.


O acordo reflete a importância de garantir a compatibilidade e interconectividade de informações básicas de sustentabilidade focadas no investidor que atendam às necessidades dos mercados de capitais, com informações destinadas a atender às necessidades de uma gama mais ampla de stakeholders.


Trabalhando em conjunto, elas fornecem dois pilares de relatórios de sustentabilidade internacionais, um primeiro representando os padrões do mercado de capitais focados no investidor através dos Padrões de Divulgação de Sustentabilidade da IFRS desenvolvidos pelo ISSB, e o segundo, dos requisitos de relatórios de sustentabilidade da GRI estabelecidos pelo GSSB, projetado para atender às necessidades de múltiplos stakeholders e compatível com o primeiro.


Assim, ambas as instituições reconhecem o considerável interesse público em alinhar, sempre que possível, seus respectivos programas de trabalho, terminologia e orientação, ajudando a reduzir a carga de relatórios para as empresas e a harmonizar ainda mais o cenário de relatórios de sustentabilidade em nível internacional.


O acordo representa os esforços para consolidar ou alinhar várias iniciativas internacionais que abrangem relatórios de sustentabilidade em uma abordagem mais coesa para o benefício de empresas, investidores e a sociedade em geral.



O QUE FAZER DEPOIS?


Mas e depois de divulgar o relatório de sustentabilidade, o que a organização deve fazer?


A divulgação das informações relacionadas às práticas de sustentabilidade é fundamental para que os stakeholders decidam como vão interagir com as organizações, no entanto, é importante focar nas ações práticas para continuar avançando nessa agenda.


Somente com ações efetivas, avaliação e monitoramento constante do que está sendo feito é possível evoluir no planejamento estratégico a cada ciclo de feedback em direção aos objetivos e metas de longo prazo da organização relacionadas ao desenvolvimento sustentável.


Portanto, o foco deve estar em avaliar de modo imparcial os resultados obtidos até o momento, reavaliar o planejamento constantemente e reestruturá-lo se necessário e definir objetivos e metas de longo prazo alinhados com as melhores práticas de sustentabilidade, utilizando como guia os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


Para continuar a prosperar, as empresas precisam desenvolver sua resiliência e aprimorar sua licença para operar, por meio de um compromisso maior com a criação de valor sustentável de longo prazo que englobe as demandas mais amplas da sociedade e do planeta.


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