ESG, o novo normal no mundo dos negócios e dos investimentos
Atualizado: 1 de jun. de 2022
O ESG chegou para ficar!
Vamos mostrar aqui tudo o que você precisa saber sobre ESG, essa sigla em inglês que está movimentando o mundo dos negócios e dos investimentos.
O QUE É O ESG?
A sigla ESG significa Environmental, Social and Governance ou simplesmente Ambiental, Social e Governança quando traduzido para o português. O ESG são práticas que derivam do conceito de sustentabilidade, aplicadas ao contexto dos negócios e dos investimentos.
Focado no modo como as empresas e investidores lidam com questões relacionadas ao meio ambiente, aspectos sociais e à governança corporativa, ele vem se tornando um elemento fundamental para a permanência e o gerenciamento de riscos e oportunidades dos negócios e investimentos no longo prazo.
Apesar do termo ESG ser recente, cunhado em 2004 na publicação Who Cares Wins do Pacto Global da ONU em parceria com instituições financeiras, são observadas iniciativas considerando aspectos da sustentabilidade nos negócios desde a década de 1950, como questões relacionadas à saúde do trabalhador.
Embora tenha sido observado um crescimento gradativo ao longo do tempo na utilização de práticas ESG pelas empresas e na tomada de decisão de investimentos, recentemente o tema ganhou um ritmo mais acelerado com o aumento das preocupações em torno dos desafios ambientais, sociais e econômicos que temos experimentado e as previsões nada animadoras para o futuro, sobretudo, após a pandemia de COVID-19.
POR QUE O ESG É IMPORTANTE?
No centro desse holofote estão as corporações, que após a revolução industrial passaram a extrair recursos naturais em ritmo superior ao que o planeta pode sustentar, alterando o meio ambiente e liberando direta ou indiretamente resíduos e subprodutos da fabricação de bens, com potencial de contaminá-lo e modificar suas condições.
Com o avanço dos impactos das corporações no planeta, tornou-se fundamental que esses efeitos negativos fossem gerenciados e minimizados, incluindo questões relacionadas às mudanças climáticas, uso da terra e perda de habitat e biodiversidade, utilização de recursos naturais, poluição e degradação ambiental.
Além dos aspectos ambientais, as questões sociais também precisavam ser tratadas para que pudéssemos prosperar de forma sustentável, considerando questões como diversidade e inclusão, igualdade e nível salarial, trabalho infantil, forçado ou análogo ao escravo, discriminação, assédio e direitos humanos em geral, saúde e segurança, bem-estar e treinamento de colaboradores, além da relação com comunidades e povos indígenas e tradicionais afetados pelas atividades das empresas.
Aspectos econômicos relacionados à nossa prosperidade como a geração de empregos e riqueza, inovação de produtos e serviços mais sustentáveis e a vitalidade social através do pagamento de impostos e investimentos sociais também devem ser considerados nessa equação para que possamos avançar na agenda da sustentabilidade.
Além disso, o desenvolvimento sustentável do mercado corporativo global é fundamental para torná-lo um catalisador de mudanças positivas rumo à sustentabilidade, sendo a governança corporativa um elemento fundamental para tornar isso possível.
Diante dos desafios, fica evidente a necessidade de implementação de práticas mais sustentáveis nos negócios, como a incorporação de práticas ESG nas empresas e na tomada de decisão de investidores para alocação de capital, visando trazer desenvolvimento econômico, enquanto contribuem com o meio ambiente e a sociedade.
Os consumidores também têm um papel importante nessa mudança. Através do consumo consciente eles podem reduzir os impactos do setor produtivo e pressiona-los a se adaptarem à essa nova realidade para atender a seus clientes.
O MUNDO DOS NEGÓCIOS, O PALCO DO ESG
A consolidação das práticas ESG no mundo dos negócios começa a ocorrer justamente quando a necessidade da sustentabilidade no setor corporativo fica cada vez mais evidente.
Os desafios ambientais, sociais e econômicos atuais são urgentes e acendem ainda mais o alerta para a importância dessas práticas nas organizações.
O contexto onde as empresas operam atualmente vem se transformando devido às mudanças nas expectativas do seu papel, exigindo que aumentem o compromisso com a criação de valor sustentável de longo prazo que contemple as demandas mais amplas da sociedade e do planeta, além de desenvolverem sua resiliência para continuarem a prosperar.
Além das questões ambientais e sociais já mencionadas, temos aspectos relacionados à governança corporativa, que são fundamentais para tornar isso possível, como questões relacionadas ao propósito das organizações e a gestão orientada por ele, composição e política de remuneração do corpo de governança e executivos, progresso em relação à marcos estratégicos, engajamento das partes interessadas, combate à comportamentos antiéticos, integração de riscos e oportunidades nos processos de negócios e a consideração de questões ambientais, sociais e econômicas na estrutura de alocação de capital.
No cenário atual onde todas essas questões influenciam simultaneamente o desenvolvimento econômico das empresas e dos países, as práticas ESG não são mais uma opção, são essenciais para que os negócios se mantenham competitivos no longo prazo.
Elas podem ajudar as empresas a se tornarem mais resilientes, preparando-as para os impactos de problemas emergentes e contribuindo para manter uma forte governança e gestão de riscos e oportunidades.
A boa notícia é que, apesar de contra intuitivo, muitas evidências atuais indicam que empresas que integram práticas ESG na sua cultura e no seu dia a dia tendem a apresentar melhores resultados financeiros.
Em um estudo da NYU Stern Center for Sustainable Business e do Rockefeller Asset Management, que avaliou a relação entre práticas ESG e performance financeira em artigos publicados entre 2015 e 2020, foram observadas correlações positivas entre desempenho ESG e eficiência operacional, desempenho das ações e menor custo de capital.
No mesmo estudo, foi vista uma relação positiva entre práticas ESG e desempenho financeiro em 58% dos estudos focados em métricas operacionais das corporações como ROE (Retorno sobre o Patrimônio), ROA (Retorno sobre Ativos) ou preço das ações, com 13% mostrando impacto neutro, 21% resultados mistos (o mesmo estudo mostrando resultados positivos, neutros ou negativos) e apenas 8% mostrando uma relação negativa.
Para estudos focados em atributos ajustados ao risco de investimentos, como alfa ou índice de Sharpe, em carteiras de ações que consideram fatores ESG, 33% apresentaram desempenho melhor em relação às abordagens convencionais de investimento, 26% desempenho semelhante, 28% misto e apenas 14% tiveram resultados negativos.
A CONVERSA DO ESG COM OS INVESTIDORES
Os investidores são parte importante das questões que envolvem as práticas ESG, já que o setor de investimentos é responsável pelo fluxo de capital alocado nas organizações e possui, consequentemente, influencia indireta no seu funcionamento.
Os investimentos que incluem fatores ESG na tomada de decisão para alocação de capital nas empresas vêm se consolidando cada vez mais, se fortalecendo com o apoio de grandes instituições financeiras globais que enxergaram a necessidade e o valor que isso tem para a economia, o planeta e a nossa sociedade.
Esse crescimento surgiu principalmente pela necessidade urgente de mitigar os impactos das atividades humanas no planeta, solucionar problemas sociais históricos e buscar um futuro viável para a espécie humana.
Investidores que buscam aliar resultados financeiros e gerenciamento de risco, com um propósito focado em deixar um impacto positivo na sociedade e no planeta estão ajudando a moldar o novo normal no mundo dos negócios.
Um novo capitalismo está surgindo, o capitalismo das partes interessadas (Stakeholder Capitalism em inglês), onde os negócios além de produzirem riquezas materiais e financeiras, devem trazer também benefícios ambientais e sociais.
As empresas que alinham seus objetivos com as necessidades mais amplas da sociedade, são mais propensas a criarem valor sustentável de longo prazo enquanto produzem resultados positivos para a economia, a sociedade e o planeta, atraindo cada vez mais capital de investidores para seus negócios.
Segundo o relatório Global Sustainable Investment Review 2020, da Global Sustainable Investment Alliance, os investimentos sustentáveis em toda a indústria de investimentos global teve um crescimento de 15% entre 2018 e 2020, atingindo US$ 35,3 trilhões em ativos sob gestão, equivalente a 35,9% de todos os ativos gerenciados profissionalmente nas regiões cobertas pelo relatório.
No Brasil, a B3, a bolsa de valores brasileira, criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), uma carteira teórica de ativos com o objetivo de ser um indicador de desempenho médio das cotações de empresas comprometidas com a sustentabilidade empresarial, para apoiar investidores na tomada de decisão de investimento alinhados com as práticas ESG.
O QUE VEM POR AI?
O capitalismo das partes interessadas é um bom ponto de partida para pensarmos no que vem por aí. Essa nova forma de enxergar o papel do capitalismo deve se consolidar cada vez mais como o novo normal no sistema financeiro global.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) são o guia para chegarmos até lá, nos unindo em um único propósito, o de um futuro sustentável para todos.
Além disso, vemos uma necessidade urgente em se estabelecer uma padronização de métricas para avaliar o desempenho das empresas com relação às práticas de sustentabilidade com o objetivo de aumentar o poder de comparação entre empresas e setores baseado nos mesmos parâmetros.
Essa padronização não deve ter o intuito de limitar as organizações no que medir em questões relacionadas à sustentabilidade, mas sim de estabelecer quais são as informações mais importantes que as empresas precisam mensurar e divulgar nos seus relatórios de sustentabilidade, gerando informações úteis para a tomada de decisão das partes interessadas.
No entanto, existem desafios para se estabelecer esse padrão de métricas globalmente aceitas e adotadas por todas as empresas, como a existência de múltiplas estruturas de relatórios ESG provenientes de diferentes instituições definidoras de padrões.
Nesse sentido, o Fórum Econômico Mundial vem articulando o diálogo entre as principais instituições envolvidas na padronização de relatórios financeiros e não financeiros para estabelecer as métricas a serem utilizadas como padrão em relatórios de sustentabilidade.
A International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS), através do International Sustainability Standards Board (ISSB), a Global Reporting Initiative (GRI), o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), o International Integrated Reporting Council (IIRC), a Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), o Climate Disclosure Standards Board (CDSB) e o Carbon Disclosure Project (CDP) são algumas das instituições que estão participando desse movimento.
Em 2020, o próprio Fórum Econômico Mundial publicou um relatório em colaboração com a Deloitte, Ernst & Young, KPMG e PwC intitulado Measuring Stakeholder Capitalism Towards Common Metrics and Consistent Reporting of Sustainable Value Creation, com o objetivo de apresentar o estado da arte em direção a padronização de métricas para relatórios de sustentabilidade das organizações.
A partir do acompanhamento dessas métricas é possível ver se uma empresa contribui para a sustentabilidade ou se causa impactos negativos no meio ambiente e na sociedade. Além disso, pode-se verificar oportunidades de melhorias que agreguem mais sustentabilidade aos seus negócios.
Ao integrar essas métricas ambientais, sociais e de governança corporativa com a estratégia de negócios e o desempenho da gestão, a empresa demonstra ao seus acionistas e partes interessadas que considera todos os riscos e oportunidades relacionados à execução dos seus negócios.
Se mudarmos a forma de se fazer negócios mudamos também suas consequências imediatas e seu legado. Essas mudanças podem acontecer por pressões externas, que podem vim de cima para baixo (top down), através da alocação de capital pelos investidores, ou de baixo para cima (bottom up), por clientes mais exigentes no que se refere à produtos e serviços mais sustentáveis.
Além disso, as evidências de que negócios mais sustentáveis possuem uma tendência a demonstrar melhores resultados financeiros pode gerar mudanças que surgem no ambiente interno, reforçando a necessidade de um melhor desempenho nas práticas ESG.
A revolução ESG chegou para estabelecer o novo normal no mundo dos negócios e dos investimentos e temos certeza que você não vai querer ficar de fora disso, apoie as práticas de sustentabilidade e vamos juntos construir esse novo mundo.
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